Este Governo (e bem, do meu ponto de vista) reviu a idade e o valor das reformas. Procurou aproximar o Regime da Função Pública ao Regime Geral e, por outro lado, ajustar essa idade de reforma e período contributivo à esperança de vida. A esperança de vida tem, felizmente, aumentado e não faz qualquer sentido, de facto, continuar a estabelecer idades para aposentação sem ter isso em devida consideração. Até aqui, tudo bem.
O problema é que podemos começar a levar este raciocínio, mesmo, até ao fim. Como a questão é vista somente pela óptica do financiamento da Segurança Social, alguns já o começaram a fazer. Por que não ajustar a idade da reforma à esperança média de vida? Ou só permitir que alguém se reforme quando não disponha de condições de saúde para continuar a trabalhar? (Existe sempre a possibilidade de se nomear uma comissão para se avaliar cada caso; aliás, conhecemos bem, pelo passado recente, o resultado do funcionamento desse tipo de comissões).
Como se vê, esta discussão é infindável. Sabe-se como começa mas não se sabe como acaba. O estabelecimento de uma idade razoável para a reforma, cuja discussão importa fazer, é, em minha opinião, uma conquista civilizacional. Quando a colocamos em causa, colocamos em causa, ao mesmo tempo, uma certa forma de ver o mundo e a humanidade.
É que podemos chegar ao limite de a reforma ser só para alguns. Mais uma vez, para aqueles que a poderem pagar. Aí, não tenhamos dúvidas, retrocederemos do ponto de vista civilizacional.
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