quarta-feira, julho 01, 2009

E o TGV aqui tão perto

Daquilo que fui lendo sobre as questões de economia de transportes ressalta, a meu ver, uma como mais importante do que as demais. As perdas de tempo nos transportes não são todas valorizadas da mesma maneira pelos utentes. Os utentes valorizam mais os tempos mortos e de espera do que, propriamente, os tempos que se encontram dentro dos meios de transportes. Isto é, passando tudo a unidades monetárias, os utentes estão disponíveis a pagar mais por cada unidade de redução de tempo na espera do que por cada unidade de redução de tempo dentro do próprio meios de transporte. Por isso, tão ao mais importante do que a redução dos tempos de percurso são o aumento da frequência e da melhoria intermodalidade dos diferentes meios de transporte.

Como li pouco sobre questões de intermodalidade e de integração tarifária, fico-me pelas questões da frequência. Uma nova linha ferroviária Lisboa-Porto é muito importante para se aumentar essa frequência. Melhorava a frequência dos comboios de maior velocidade e daqueles que têm um carácter mais suburbano e pendular. Enfim, a meu ver uma nova linha ao diminuir os tempos de deslocação e aumentar a frequência potenciava, sem dúvida, o recurso ao transporte ferroviário por parte dos utentes.

Depois, se advogo uma maior utilização da ferrovia é porque, implicitamente, sou favorável à redução do uso do transporte rodoviário, sobretudo, do transporte individual. Para mim, a alternativa às actuais ligações rodoviárias Porto-Lisboa não é uma nova auto-estrada mas, sim, a nova ligação ferroviária que advogo. Só tenho uma dúvida. O traçado do IP3 no troço Coimbra-Viseu (que conheço melhor) não oferece muitas condições de segurança. Agora, rectificando-se esse IP, a alternativa, para quem quiser fazer essa ligação por auto-estrada, não é uma nova auto-estrada mas, sim, o recurso à A1 e A25. É mais longo e mais caro o percurso mas, tendo o IP3, a opção é dos consumidores. Aliás, considero que o sistema de portagens nas auto-estradas existentes entre Lisboa-Porto não potencia, suficientemente, o recurso à ferrovia. Ainda continua a compensar fazer esse percurso de transporte individual se o número de passageiros for à volta de, pelo menos, 3-4 pessoas. Com essa nova linha ferroviária seria de equacionar, dentro de aquilo que os contratos de concessão permitem, o aumento dessas portagens.