Um dos cronistas que mais apreciei ler no "Público" foi, sem sombra de dúvidas, o Augusto Santos Silva (ASS). Sobretudo, antes de ir para o governo de António Guterres.
Não posso esquecer o que escreveu quando, evocando a memória de um colega seu e, nesse contexto, falando da sua geração, dizia que "[...] há uma coerência no nosso caminhar. É a opção pela outra margem, a margem que não é necessariamente política ou de esquerda, mas, mais amplamente, o lugar-outro de onde se pode interrogar o adquirido e o instituído, o costume e a autoridade, o dogma e a rotina, onde se podem exercer a inteligência e a liberdade para criticar as coisas, e nós nelas, e continuamente reinventar a nossa identidade, onde podemos encontrar distância para fazer a crítica do que existe e propor, experimentar, criar, onde podemos dizer que sim e que não, e não apenas que sim, onde podemos tentar ligar o que parece desligado, e desligar o que parece tão ferreamente ligado, e em tudo isso sentirmo-nos homens e mulheres autónomos, isto é, obedecendo à sua própria lei".
Não consigo descobrir naquele político colérico e apoplético de ontem, em Chaves,o homem que foi capaz de escrever estas belas palavras sobre a sua geração. Quando é que este homem se perdeu?...
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