quarta-feira, setembro 28, 2011
Um citação de Krugman muito a propósito
“A questão é que não se pode ter tudo: um país, de três, tem de escolher dois. Pode fixar a sua taxa de câmbio sem enfraquecer o seu banco central, mas apenas mantendo controlos sobre os fluxos de capital (como a China na actualidade); pode deixar livre o movimento de capitais e manter a autonomia monetária, mas apenas se deixar flutuar a taxa de câmbio (como o Reino Unido ou o Canadá); ou pode decidir deixar livre o capital e estabilizar a moeda, mas apenas com o abandono de qualquer possibilidade de ajustar as taxas de juro para combater a inflação, ou a recessão (como a Argentina actualmente ou, para esse efeito, a maior parte da Europa)”
terça-feira, setembro 20, 2011
O Euro, essa grande conspiração

Para o autor (Jean-Jacques Rosa) a existência desses cartéis é que está na base da baixa produtividade da Europa e, especialmente, da Zona Euro e, portanto, do anémico crescimento económico verificado desde o início do processo de convergência nominal, iniciado em meados da década de noventa e que se concluiu com a criação do Euro. O autor é adepto da teoria da conspiração e, consequentemente, considera que tudo foi planeado pelos grandes grupos empresariais europeus para que assim fosse.
A ideia, mais do que interessante, tem lógica. Mas não basta ter lógica. É preciso outra sustentação empírica, que o autor não avança. A parte da conspiração parece-me mais rebuscada. Percebo a necessidade de se explicar porque é que as coisas são como são. Mas a explicação mais simples talvez seja a da incompetência dos economistas “mainstrean”, associada ao deslumbramento dos políticos, que nos têm governado, com tudo o que cheire a expectativas racionais, mercados auto-reguláveis, equilíbrios orçamentais e quejandos.
sexta-feira, setembro 16, 2011
É preciso fazer um desenho?
Para quem ainda tenha dúvidas sobre o que diz Robert B Reich e que aqui reproduzi, aqui vai um desenho. Ninguém tem dúvidas, pois não?

terça-feira, setembro 13, 2011
Depois os ricos que não se queixem

Desde há cerca de trinta anos que se vem registando o congelamento e, mesmo, a regressão dos salários reais da classe média americana, apesar do crescimento económico verificado durante esse mesmo período. Em contrapartida, a riqueza nacional tem-se concentrado nos percentis mais elevados. Para que o fosso não fosse maior no que respeita aos níveis de consumo e de qualidade de vida, a classe média tem recorrido a várias estratégias de adaptação. Trabalha mais (as mulheres passaram a ter um participação crescente na população activa, trabalham-se mais horas e acumulam-se empregos em “part-time”) e endivida-se cada vez mas também. O resultado, como se vê, é um agravamento da desigualdade e, sobretudo, um crescimento económico que vai de bolha em bolha especulativa. Mais, não existe mais margem de manobra para a continuação dessas estratégias de adpatação.
Segundo Reich, se nada se fizer no actual quadro político americano, não é de estranhar que em dez anos a resposta política a esta crescente desigualdade se faça fora desse quadro. Não seria estranho que viesse a ser eleito um Presidente com um programa político assente no ressentimento (saída das Nações Unidas, OMC, Banco Mundial e FMI; recusa do pagamento de juros à China e suspensão do comércio com esse país a menos que permita a flutuação da sua moeda; proibição das empresas com lucros de despedir os seus trabalhadores; equilíbrio estrito do orçamento federal; fixação anual de tetos máximos de rendimento; criminalização das transferências financeiras para o exterior; proibição da banca de investimentos; reforço do orçamento da defesa; tolerância zero para os imigrantes; etc). Este seria um cenário político mau para todos, inclusivamente para os mais ricos.
Se não se quer arriscar, o melhor será mesmo, no actual quadro político, estabelecer um novo acordo para a classe média. As medidas apontadas são muito interessantes: imposto sobre o rendimento invertido, que suplemente os actuais níveis de rendimento para a classe média; taxas marginais de tributação mais elevadas para os ricos; generalização do seguro de salário, que fomento o reemprego, em complemento ao tradicional apoio ao desemprego; aumento da oferta de “bens públicos”; etc.
Há uns tempos um médico amigo descrevia uma situação muito interessante vivida no Hospital de S. João depois do 25 de Abril. Antes do 25 de Abril, havia duas cantinas: uma para os médicos e outra para os enfermeiros e auxiliares. Na primeira havia sempre dois pratos à escolha, enquanto na segunda só havia um prato. A primeira reivindicação após o 25 de Abril não foi a de todos passarem a poder optar entre dois pratos. Foi a de os médicos passarem a dispor de um só prato.
Este é um dos exemplos, como muitos outros, em que a psicologia social parece mostrar que as pessoas retiram tanto ou mais prazer na redução dos rendimentos dos outros, quando os consideram ilegítimos, do que no aumento do seus. É para essa economia do ressentimento que parece que vamos caminhando também na Europa e em Portugal. Depois que ninguém se queixe.
Subscrever:
Mensagens (Atom)