terça-feira, setembro 20, 2011

O Euro, essa grande conspiração

Seja ensaio ou ficção, qualquer livro da Aletheia é sempre um thriller. O “Como nos Livramos do Euro?” não foge à regra. Apesar de tudo tem uma ou outra ideia interessante. A principal é que o euro permitiu reconfigurar oligopólios nacionais, muitos deles sobre a forma de cartéis, à escala da Zona Euro. Qualquer cartel gera preços superiores aos de equilíbrios e, assim sendo, o aumento das vendas por parte de um dos seus membros face à quota que lhe está destinada gera um lucro adicional. Esse incentivo torna este tipo organização muito instável. Qualquer cartel implica, assim, um elevado grau de controlo entre todos os participantes no conluio. Esse nível de controlo só é possível a uma escala supranacional se existir uma moeda comum. A existência de várias moedas e das respectivas flutuações cambiais torna esse controlo muito pouco eficaz.

Para o autor (Jean-Jacques Rosa) a existência desses cartéis é que está na base da baixa produtividade da Europa e, especialmente, da Zona Euro e, portanto, do anémico crescimento económico verificado desde o início do processo de convergência nominal, iniciado em meados da década de noventa e que se concluiu com a criação do Euro. O autor é adepto da teoria da conspiração e, consequentemente, considera que tudo foi planeado pelos grandes grupos empresariais europeus para que assim fosse.

A ideia, mais do que interessante, tem lógica. Mas não basta ter lógica. É preciso outra sustentação empírica, que o autor não avança. A parte da conspiração parece-me mais rebuscada. Percebo a necessidade de se explicar porque é que as coisas são como são. Mas a explicação mais simples talvez seja a da incompetência dos economistas “mainstrean”, associada ao deslumbramento dos políticos, que nos têm governado, com tudo o que cheire a expectativas racionais, mercados auto-reguláveis, equilíbrios orçamentais e quejandos.

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