segunda-feira, outubro 24, 2011

Uma tempestade perfeita

O carácter expansionista de austeridade é uma contradição nos termos. Mas os economistas da purga gostam de falar nesses efeitos da austeridade. Há um lado de verdade nisso. Quando as coisas correm mal, há sempre um momento em que já não podem piorar. É um truísmo, mas a economia é feita deles (como a Curva de Laffer).

Alesina e Giavazzi (“O Futuro da Europa. Reforma ou Declínio”) defendem este modelo de ajustamento. Dão, sobretudo, o exemplo da Irlanda no período 1987-89 (é verdade que a economia Irlandesa evaporou-se entretanto; mas isso fica para outro livro destes economistas). Com efeito, nesse processo registou-se um corte significativo da despesa pública primária, acompanhado de uma estabilização ou mesmo redução das receitas (impostos) e de uma desvalorização cambial.

Não é bem a mesma coisa que se está a fazer em Portugal. Cá, corta-se na despesa, aumentam-se os impostos e continua-se com uma taxa de câmbio que serve a uma economia com excedentes estruturais. Enfim, não parece que venhamos a ter uma austeridade expansionista. O que vamos ter é uma tempestade perfeita.

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