domingo, dezembro 13, 2009

Economia e caridade

A equiparação da economia a uma qualquer ciência natural, como propugnado pela economia “standart” (como lhe chama Jacques Sapir) de hoje, transforma a política em caridade. Que sentido tem uma política sistemática contra os tufões? E as cheias? Ora, do mesmo modo, segundo esse ponto de vista, não tem qualquer sentido a existência de políticas que procurem reduzir e eliminar as crises cíclicas do capitalismo.

A política económica passa, pois, a uma mera expressão de caridade. Face a qualquer crise económica, natural por isso, só é preciso enterrar os mortos e cuidar dos feridos, isto para os economistas mais moderados. Para os mais radicais, uma lágrima ao canto do olho basta.

A economia só tem sentido por referência a espaços concretos de sociabilização. Só no contexto de uma determinada organização social é que a economia, enquanto disciplina, pode procurar explicar as relações económicas entre os agentes (Estado, empresas e famílias). Sendo as organizações sócias diversas não pode existir uma economia mas economias. Não existe uma racionalidade económica mas racionalidades económicas plurais. Portanto, quanto mais relativista se assumir (pela aproximação à(s) realidade(s)) mais a economia se afirma; e, assim sendo, só uma dose certa de construtivismo metodológico pode dar sentido à política económica.

Sem comentários: