quinta-feira, novembro 09, 2006

Do medo da função pública à função pública com medo

Hoje foi dia de greve na função pública. Ou muito me engano ou tirando os sectores do costume a adesão não deve ter sido por aí além.
O medo está no ar. Muitos dos funcionários vão para o quadro de mobilidade e ninguém sabe quais são os critérios. Sendo assim, o que é que deve fazer um funcionário? Greve? Mas depois não fica na lista negra? Trabalha mais? Mas se o colega do lado for amigo do chefe o que é que lhe adianta? O ar é irrespirável.
E isto tudo porquê? Por que é preciso combater o défice e uns tantos, escolhidos ao acaso (ou com base no processo de avaliação de desempenho em vigor; o que é, na prática a mesma coisa), têm que ir para a rua (não é bem para a rua é assim para uma espécie de limbo entre a declaração de desemprego e a da inutilidade). Isto é, os funcionários vão passar de pessoas a variável de ajustamento. O que é que interessa se são precisos ou não? Se trabalham bem ou mal? Se se esforçam ou não? Se são competentes ou incompetentes? A uns vai-lhes sair a fava. É simples, terrivelmente simples...
Já lá vai o tempo em que os governos tinham medo da função pública. Hoje, são os funcionários que têm medo dos governos. Sabem, por experiência própria, que por muito mal que sejam tratados por um governo, o que vier a seguir ainda os vai tratar pior.

Sem comentários: